O Bestiário – Ocupação Performática e Improvisação em Dança
- Urbanes Parques

- 25 de nov.
- 2 min de leitura
Grutas de Maquiné, Rei do Mato e Lapinha | 2025
Em 2025, três das mais emblemáticas grutas de Minas Gerais — Maquiné, Rei do Mato e Lapinha — tornaram-se palco para uma experiência artística singular: “O Bestiário – Ocupação Performática e Improvisação em Dança”. O projeto propôs uma travessia entre corpo, natureza e imaginação, transformando cada caverna em um território de escuta, criação e metamorfose.
Inspirado nos antigos bestiários, livros que descreviam criaturas reais e míticas como espelhos do comportamento humano, o evento convidou artistas da dança e da performance a explorar o corpo como campo simbólico — híbrido, animal e sensível. Em diálogo com a paisagem subterrânea, os intérpretes improvisaram a partir das formas, sons e atmosferas únicas de cada gruta, construindo uma dramaturgia viva e imprevisível.
Na Gruta de Maquiné, o gesto se fundiu ao eco ancestral das formações rochosas, evocando a origem da vida e da arte. Na Gruta Rei do Mato, a força física dos movimentos encontrou ressonância nas colunas e salões estreitos, criando uma dança de resistência e adaptação. Já na Gruta da Lapinha, a performance revelou um tom ritualístico, em que o corpo buscou o silêncio e a escuta profunda do espaço.
A ausência de trilha fixa e o uso de sons naturais — passos, respiração, água, voz — reforçaram a ideia de improvisação como modo de existência. O público, muitas vezes guiado apenas por lanternas e pelo som, foi convidado a participar da experiência sensorial, caminhando junto aos artistas e partilhando o mesmo ar subterrâneo.
“O Bestiário” afirmou-se como uma ocupação poética dos vazios: um encontro entre arte e geologia, corpo e memória, onde cada gruta se revelou como um organismo vivo, capaz de dançar junto aos humanos que a habitam, ainda que por um instante.






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